Diz-se que a seguir a grandes momentos de tristeza e de azar, seguem-se momentos de felicidade e sorte. Não sei se a minha sorte está a mudar, tento nem pensar muito nisso. Mas este fim-de-semana senti-me uma pessoa afortunada.
Sexta-feira, noite de ir ver a peça “Onde vamos morar”, peça de José Vieira Mendes, com o Sérgio Godinho, em cena no Convento das Mónicas. Peça esgotada, mas disseram-nos que as reservas caíam às 20:30h. Resolvemos tentar a sorte. A minha amiga atrasa-se (o tempo suficiente para equacionar a desistência de ver a peça), carros estacionados longe, uma longa caminhada com alguns enganos pelo caminho, fomos dar ao Teatro da Garagem erradamente, lá encontrámos um segurança muito castiço que foi uma simpatia, e que mesmo sendo 21:19h convencia “as meninas” a continuar caminho e nos incentivava a manter a esperança de chegas a horas. Depois de muitas voltas e subidas, chegámos finalmente ao destino às 21:28h e encontrámos cerca de 12 pessoas que aguardavam pelo mesmo que nós. Já sem esperança de conseguir bilhete e bastante ofegantes, ela senta-se a descansar e eu dirijo-me ao WC para despejar uma bexiga que ansiava ser despejada. Quando regresso, vestimos os casacos e preparamo-nos para sair, quando avisam o grupo que aguardava que poderia entrar. Uma senhora pergunta quando pagamos e a resposta é que não podemos pagar bilhetes que já foram pagos. Entramos sem pagar, felizes com a sorte e por nos termos atrasado e perdido, porque se tivéssemos chegado a horas teríamos desistido. Ocupamos os lugares que estão vazios e sento-me mesmo ao lado de Bruno Nogueira e Maria Rueff. Uma boa peça, excelente interpretação de Sérgio Godinho. Enfrenta-se o frio da noite com a cabeça cheia de personagens e actores, e de uma personagem particular que nos faz lembrar alguém.
Mais um momento de sorte. Domingo, dirijo-me a uma Aula Magna esgotada para ver os The National. Levanto os meus 4 bilhetes e guardo o meu e o do meu amigo. Todos ganhámos bilhetes duplos, portanto sobram-me dois bilhetes. Reservo esses dois para vender.Porquê? Porque na minha cabeça existe uma multa e a perda de 60€. Não gosto de fazer isto. Os bilhetes ganhos são sempre para dar. Só vendo bilhetes quando compro bilhete e depois ganho, de forma a reaver o dinheiro. Isso foi o que aconteceu com a Sílvia e a Marieta, e era essa a prioridade. Elas conseguiram vender rapidamente. Eu também consigo vender um facilmente. Restou-me um quase até ao início do concerto, mas consegui vendê-lo. Depois de muito tempo, dúvidas, abordagem a muita gente, contacto com outros “candongueiros”, mas esses profissionais, um sem número de histórias. Mas consegui reaver algum do dinheiro da multa. Tiram-me por um lado, mas dão-me por outro. Depois dos nervos e da ansiedade associados à candonguice, aquela sensação de alegria. Fiquei mesmo contente! Por tudo. Por toda a situação e episódios divertidos e surreais que aconteceram durante este período de venda, pela companhia, pelas dúvidas, por aquela “leitura de olhar”, na qual não sou perita, pelo grande concerto a que assisti. Durante aqueles minutos, a única coisa que me distraia era o excesso de calor da sala. Sentiram-se emoções partilhadas entre nós. Os olhares sorriam e percebiam a comunhão e a partilha do momento.
E eu tenho sorte, mesmo quando não tenho, eu tenho muita sorte, porque vivo momentos destes, com pessoas destas.
Um comentário:
Que bom.
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