Klimt

2 de novembro de 2008

Não sei qual é a relação das pessoas com os cemitérios. Sei que ninguém gosta, mas não sei o que se sente, o que se vive, o que se recorda. Eu sinto-me desconfortável. Não me sinto a visitar ninguém e muito menos sinto os meus mais presentes. Pelo contrário, ali sinto-os distantes. E dou por mim a distrair-me com as lápides, as fotografias, as datas e as dedicatórias e sinto-me a invadir a privacidade de algumas pessoas que têm algumas dedicatórias e mensagens mais pessoais. E olho para as fotografias e sinto-me estranha. E a relação dos familiares com aquela peça. O limpar, o decorar, o encher de flores e velas, os terços, as lágrimas, as rezas, a tristeza...
Aquelas pessoas que não conheci têm histórias que terminaram, mas que ali se forçam a algo, quando tudo já acabou e deviam viver apenas na memória e coração de quem as ama. Nada ali faz sentido para mim. Nem o enterrar de um corpo, nem a permanência naquele espaço. Nada.

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"Quanto mais claro/ Vejo em mim, mais escuro é o que vejo./ Quanto mais compreendo/ Menos me sinto compreendido./ Ó horror paradoxal deste pensar... " Fernando Pessoa