Klimt

14 de maio de 2007

A notícia inesperada

Passaram poucos dias..parece que já foi há tanto tempo porque o sofrimento foi tanto...

Sexta-feira à noite o jantar tão adiado com as minhas amigas do curso acontece. Eu estou bem, nós estamos bem, risos e gargalhadas ouvem-se entre nós. Jantamos num tasco divertido e castiço com empregados embriagados que não tiram os olhos de nós. A conversa flui divertida, o caso da Sílvia com o João, os affaires da Eli, fala-se de sexo, brincamos e rimos. O João chega. Diz-me que vai ser segurança no concerto do George Michael. Digo-lhe que curiosamente nessa manhã ganhei dois bilhetes para o concerto e que vou no dia seguinte para Coimbra. Peço-lhe o número de telemóvel. O telemóvel não está em cima da mesa. Eles pedem mais uma rodada de imperiais. Procuro o telemóvel na mala. O telemóvel tem 37 chamadas não atendidas do meu irmão. Sinto um aperto no coração. A Sílvia abraça-se a mim e agarra-me o braço já meio tocada pelo alcóol e diz "eu estou aqui". Digo-lhe para me largar porque aconteceu alguma coisa. Uma mensagem do meu irmão. "Liga com urgência para mim ou para a mãe". Ligo. O pai está no hospital de Cascais. Uma embolia.Gelo. O mundo desaba sobre mim.Regresso à mesa. As pernas tremem. Deixo dinheiro para pagar o jantar. Dão-me trocos para o parque. Recuso a oferta de me acompanharem. Confirmo que dou notícias. Tremo, tremo, parece que vou cair.Saio. As pernas andam sozinhas. As lágrimas correm. Trânsito e filas. Novamente a pergunta "porquê eu?porquê a mim?"

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